terça-feira, março 29

Vêm aí dias de guerra com o Indie Lisboa...


(em breve)

sábado, março 26

Guerra passa pelo King em Dias de Documentário

Música e política – estes foram os temas versados na terceira edição de Os Dias do Documentário que teve lugar no cinema King , entre o dia 17 e 23.
Esta iniciativa da Medeia filmes, animada por uma assistência cada vez mais interessada pelo género documental, teve no seu programa filmes inéditos, parte deles em antestreia nacional. Estes, ao contrário do que aconteceu em 20004, edição dedicada ao documentário português, eram de origens bastante diversificadas, passando pela Europa, pela América e pela Ásia. Segundo a Medeia Filmes, este ciclo pretendeu principalmente dar a conhecer a diversidade de trabalhos de uma área do cinema em crescente vitalidade.
Em colaboração com o Instituto Franco-Português e a Embaixada Francesa, o King assistiu a uma retrospectiva do realizador cambodjano Rithy Pahn, com filmes como “Bophana” (dia 17), “S21 - The Khmer Rouge Killing Machine”(dia 19), “Site 2, aux abords des frontiéres” (dia 20) e finalmente “La terre dês ames errantes” (dia 23). Todos os filmes retratam o sofrimento do povo cambodjano nas mãos dos Khmer Vermelhos, seja este sofrimento traduzido em perseguições e detenções, exílios e fugas, torturas e extermínio, ou finalmente, nas memórias dos sobreviventes num país em ruínas.
Não houve Michael More, mas houve Robert Greenwald, no dia 17, com Outfoxed, um documentário que desmascara as manipulações e estratégias dos dirigentes políticos norte-americanos, nomeadamente no sentido de justificarem as suas intervenções militares e outros aspectos da sua política externa. O principal meio de manipulação apontado são os media, indo a acusação central para o canal informativo “Fox News”.
Erik Gandini e Tarik Saleh trouxeram, no dia 19, a memória da guerrilha da Bolívia, com Sacrifício, who betrayed Che Guevara. Este documentário revela possíveis novas versões do assassínio de Che Guevara em 1967, durante a guerrilha da Bolívia, e aponta outros autores, que não os conhecidos nos livros de história, do fim do sonho da unificação da América Latina.
Estas foram apenas algumas das apostas feitas pel’Os Dias do Documentário, aqui destacadas pela sua relação com a tendência contínua deste género cinematográfico para filmar “paisagens de guerra”.


Fontes:

terça-feira, março 22

Nova produção cinematográfica chinesa nas salas portuguesas

Estreou no passado dia 17 deste mês o filme “O Segredo dos Punhais Voadores”. Trata-se de uma co-produção entre a China e Hong-Kong, e que pretende retractar um período da história chinesa que foi marcado pela guerra.

O último filme de Zhang Yimou, “O Segredo dos Punhais Voadores”, desenrola-se pelo ano de 859, em que a China estava sob o domínio da Dianstia Tang, uma das mais importantes da História chinesa.
Por esta altura esta dinastia já está em declínio, fruto da incompetência do imperador e da corrupção latente dentro do governo. Surgem assim vários exércitos rebeldes que vão colocar a China a ferro e fogo, dando origem a muitas batalhas.
De entre estes exércitos, aquele que é mais poderoso e prestigiado é o da aliança da “Casa dos Punhais Voadores”, que tem uma forma misteriosa de agir, tirando aos ricos para dar aos pobres.
Este exército começa rapidamente a ganhar fama e prestígio entre o povo, o que conduzirá a várias tentativas de destruição da aliança. Mas mesmo depois do assassinato do líder dos “Punhais Voadores”, os roubos e a saga do exército rebelde continua, desta feita sob o comando de um misterioso novo chefe.
Pelo meio temos uma pitada de amor e paixão, bem como uma grande dose de artes marciais e efeitos especiais. É de realçar ainda o excelente guarda-roupa e a montagem dos cenários, bem como o excelente desenrolar das cenas de guerra/combate.

segunda-feira, março 21

Festival de cinema de Sundance atribui prémios

No passado mês de Janeiro decorreu em Park City, pequena cidade do estado do Utah, nos Estados Unidos da América (EUA), mais uma edição do festival de cinema de Sundance.


Durante 10 dias a pequena cidade de Park City acolheu o festival de cinema independente de Sundance. Este contou com variadíssimos filmes e, também, documentários, os quais entraram na corrida para os prémios. Os principais premiados foram o filme "Forty Shades of Blue" e o documentário "Why We Fight".
O filme "Forty Shades of Blue", de Ira Sachs, o qual relata um incestuoso triângulo amoroso envolvendo um filho, o seu pai e a sua namorada, arrebatou o prémio para melhor filme de ficção; e o documentário "Why We Fight", de Eugene Jarecki, mostrando este quais foram as principais razões que levaram os EUA a ir para a guerra nos últimos cinquenta anos, e que arrebatou o prémio para melhor documentário.
Para além destes, os restantes premiados foram a longa-metragem angolana "The Hero" de Zeze Gamboa, a qual ganhou o galardão para melhor filme estrangeiro, tratando-se de uma co-produção entre Portugal, Angola e França. Este relata a história de um combatente da guerra civil angolana, que se vê confrontado com uma nova guerra – a da sobrevivência após o término do conflito.
No que toca ao prémio para melhor documentário estrangeiro, este foi entregue ao documentário holandês "Shape of the Moon", de Leonard Retel Helmrich, tendo como base a alusão à vida de três gerações de indonésios.
Convém ainda referenciar que este foi um festival criado pelo actor e director Robert Redford, contando com filmes de vários países, desde Brasil, Equador, Espanha, Argentina, entre outros, e que cada vez mais se afirma como um dos mais prestigiados festivais de entre os que se dedicam ao cinema independente.

terça-feira, março 15

Inauguração do Museu do Holocausto em Jerusalém

O Museu do Holocausto, que retrata a morte de seis milhões de judeus perpetrada pelos nazis durante a II Guerra Mundial, é hoje inaugurado em Jerusalém, junto ao memorial Yad Vashem. Esta cerimónia espera a presença de 15 chefes de Estado e outros dirigentes estrangeiros e conta ainda com a visita de Koffi Annan, secretário-geral da ONU.
O objectivo central da construção deste museu é dedicar um maior espaço à memória do Holocausto e das suas vítimas, memória ainda constantemente agredida por movimentos neonazis. Isto porque, segundo os novos responsáveis do museu, o memorial Yad Vashem, dedicado também ao tema do Holocausto, já não tinha capacidade para a dimensão de interesse internacional que uma missão como esta exige. O museu, cuja construção durou cerca de dez anos e custou 41 milhões de euros, apela essencialmente, conforme o próprio curador do museu sublinhou, a um “contacto visual” com a realidade vivida pelos judeus quer nos campos de concentração, quer nos guetos, quer nas suas próprias casas anteriores ao extermínio.
Neste recente museu, poder-se-á então ter contacto com objectos pessoais provenientes dos campos de concentração, com uma sala de estar de uma família judia, com uma réplica da rua de Leszno durante o gueto de Varsóvia, com vídeos e fotografias que exibem as execuções nazis e todo o massacre sofrido pelo povo judeu.

Fontes:
Público
O Norte On-line

segunda-feira, março 14

A guerra em campo e contra-campo por Godard

A nossa música, o mais recente filme do realizador Jean-Luc Godard, estreado no passado mês de Fevereiro em Portugal, esteve em exibição no Teatro do Campo Alegre (Porto) entre os dias 5 e 11 do mês corrente.
O último filme de Jean-Luc Godard, recentemente em exibição no Teatro do Campo Alegre (Porto), mas estreado em Portugal já em Fevereiro, é uma história que todos nós, de certa forma, conhecemos: dividida em três partes, é sobre o passado, o presente e o futuro da humanidade: ou como Godard lhes chama: o inferno, o purgatório e o paraíso.
A primeira parte do filme, que dura cerca de 10 minutos, é uma montagem de imagens de guerra documentais com imagens provenientes do cinema clássico. Trata-se de uma mistura de armas, explosões, cadáveres e feridos num tom de cor sempre avermelhado, acompanhado por uma voz off que se pergunta, envolvida na música, como é possível haver ainda sobreviventes. Isto é o Inferno - e o Inferno é a guerra.
Seguidamente, vem o presente: o Purgatório. Filmada em Sarajevo, cidade em ruínas e assolada pela guerra da Bósnia, é a parte mais longa e complexa do filme. Misturando factos reais com ficção, e pondo em plano central uma jornalista judia, Godard lança para a tela do cinema questões como o conflito israelo-palestiniano, a hegemonia norte-americana, o massacre dos índios da América e todos os conflitos bélicos em geral. Por fim, questiona ainda a missão da poesia e da arte no destino de um povo. Será de lembrar, por exemplo, a frase de Mahmoud Darwish: "Um povo sem poesia é um povo vencido", ou a associação entre os dicotomias cinematográficas (campo-contracampo/ficção-documentário) e a dicotomia Israel-Palestina. No purgatório, no presente, resta o sentimento de culpa e a luta pela paz, mas uma luta que acaba melancólica e ironicamente... O "presente" termina com o suícidio da jornalista e a recusa da "Humanidade" em morrer pela paz (pela guerra, já haverá muitos dispostos à morte, como Godard nos faz entender).
Por fim, o Paraíso é um espaço verde com risos e vozes de jovens, um espaço alegre e descontraído mas não tão longínquo ou impossível como se poderia pensar, um espaço que facilmente se encontraria em qualquer canto: o problema e a nova ironia é que o espaço está guardado por soldados da marinha americanos... E aqui de novo fica patente um aviso à comunidade europeia, uma chamada de atenção ao crescente poderio norte-americano e um convite aberto à acção política.
Trata-se assim de um filme que, por um lado, mostra o Godard inquieto de sempre (o Godard político, o Godard que acha que ainda é cedo para encontrar a tranquilidade) e que, por outro, mostra um Godard cada vez mais assombrado com o trajecto da História da Humanidade, cada vez mais apreensivo e melancólico perante uma guerra de povos que não acaba nunca.
Fontes:

domingo, março 6

Um guerreiro chamado José Afonso

No passado dia 23 de Fevereiro, poucos recordaram o aniversário da morte do emblemático cantor, compositor e poeta português Zeca Afonso. Porém, o facto é que há 18 anos atrás esta figura incontornável quer da música, quer da poesia, e até mesmo da própria história portuguesa morria no Hospital de Setúbal, vítima de uma esclerose lateral amiotrófica.
José Afonso nasceu a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro e passou a sua infância dividido entre Portugal e as colónias (Angola e Moçambique), pelas quais ganhou aliás um particular afecto. Estudou na Faculdade de Letras de Coimbra e em 1953 gravou os seus primeiros dois discos de fado de Coimbra. Para além de cantor e poeta, exerceu durante alguns anos a actividade de professor. As suas músicas eram na sua maioria músicas de intervenção política contra o regime do Estado Novo. Pela sua orientação política, foi expulso do ensino oficial, pelo que passou a dedicar-se ainda mais intensamente ao apoio de colectividades e associações populares e à actividade política anti-Estado Novo. Em 1973, chegou mesmo a estar preso durante 20 dias na prisão de Caxias. A sua música “Grândola Vila Morena”, censurada pelo regime salazarista, tornou-se famosa por ter sido escolhida como senha para a revolução do 25 de Abril. O sinal para o arranque das tropas mais afastadas de Lisboa e a confirmação de que a revolução começara foram dados quando esta música passou no programa "Limite" da Rádio Renascença às 0.20h do dia 25. Contemporâneo da guerra colonial e vítima do regime fascista português, lutou sempre pela libertação das colónias e do próprio povo português, enfrentando o regime e pondo em perigo a sua própria vida. Após a revolução de Abril, a sua intervenção social e política através da música nem por isso cessou, permanecendo ainda hoje a sua voz como a recordação de um Portugal oprimido e em guerra, mas com força para lutar contra essa opressão e essa guerra.
No Estaleiro Cultural bracarense “Velha-a-Branca” encontra-se neste momento em exposição uma série de fotografias e documentos biográficos intitulada “Zeca Afonso: Andarilho, Poeta e Cantor”, acerca deste verdadeiro guerreiro das palavras.


Fontes:

Diário de Notícias

Associação José Afonso

Wanadoo