segunda-feira, maio 2

Duas telas de guerra num Indie Lisboa maior



A segunda edição do Indie Lisboa, Festival Internacional de Cinema Independente, iniciada a 21 de Abril e encerrada ontem, contou com cerca de 130 filmes (mais 50 que o ano passado), com mais uma secção e quase o dobro das sessões. Com os números graúdos deste novo Indie, contrasta o número miúdo de incursões na temática da guerra: apenas dois filmes visionados tiveram patente o eco das guerras.

Inserida na secção Sessões Especiais, a primeira alusão à guerra, exibida no Fórum Lisboa no dia 23 de Abril, veio pelas mãos do reconhecido realizador americano Samuel Fuller, sendo uma reconstrução, com mais 40 minutos de material, do seu filme The Big Red One. Reconstruído pelo historiador de cinema Richard Schickel e pelo produtor Brian Jamieson, este filme consta de duas horas e 40 minutos, em que se pode ver uma sucessão de cenas de batalha durante a II Guerra Mundial. Este épico de guerra semi-autobiográfico, fortemente baseado na experiência do realizador enquanto se encontrava ao serviço da Força Big Red One, relata o horror, o drama e o caos vivido por um grupo de quatro jovens soldados, chefiados pelo sargento veterano Possum (papel interpretado pelo conhecido actor Lee Marvin). A particularidade do filme é a extensão aos dois lados da batalha, incluindo o drama vivido por ambas as partes do conflito. Isto insere-se perfeitamente na ética de guerra desde sempre assumida por Fuller: uma ética impiedosa que defende a inexistência de sobreviventes, de vencedores ou vencidos, uma ética moderna que exclui a possibilidade de salvação para qualquer guerreiro.

A segunda escolha relacionada com a temática da guerra encontrava-se integrada na Secção Competição e pertencia ao realizador italiano Saverio Constanzo. Private, filme baseado numa história verídica, retrata o conflito israelo-palestiniano, partindo da vivência de uma família palestiniana, cuja casa foi ocupada por soldados israelitas. Num tom provocador e cruelmente realista, Constanzo mostra os conflitos e dilemas vividos dentro desta família, após o seu lar ter sido transformado num posto de vigia dos territórios ocupados. O filme, que recebera já as distinções de Melhor Filme e Melhor Actor no Festival de Locarno, recebeu neste Indie Lisboa o Prémio do Público, perdendo o principal galardão (Grande Prémio de Longa-metragem) para "The forest for the trees", de Maren Ade.

Fontes:
Indie Lisboa
Diário de Notícias 1
Diário de Notícias 2
Diário de Notícias 3
Diário de Notícias 4
Diário de Notícias 5
Cinema 2000
Jornal de Notícias

1 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

Parabéns pelo teu blogue, que não conhecia.
Gostei e virei cá mais vezes, porque tem conteúdo e é interessante.
Beijo.

3 de maio de 2005 às 08:48  

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