terça-feira, outubro 26

Casa de Osama Bin Laden convertida em instalação virtual

Desde o passado dia 24, que se encontra exposto na Tate Britain em Londres uma reconstrução virtual da casa abandonada de Osama Bin Laden no Afeganistão. Este trabalho da autoria dos artistas Ben Langlands e Nikki Bell é, entre outros, um forte candidato ao Prémio Turner, cuja atribuição só será decidida em Dezembro.
A reconstrução de Langlands e Bell teve base numa viagem ao Afeganistão pós-taliban. Comissariados pelo Imperial War Museum, os artistas visitaram a casa ocupada por Osama Bin Laden quando, em Maio de 1996, este se mudou do Sudão para este país. Daqui surgiu uma criação original, adaptado ao mundo actual, quer em termos tecnológicos, quer em termos políticos. Através de um simples comando de jogos vídeo, os visitantes desta exposição podem explorar o modesto local onde habitou o homem que supostamente terá arquitectado os ataques de 11 de Setembro.
Este homem que conseguiu, sem dúvida, mudar o mundo, ao acentuar de forma gravíssima os conflitos Ocidente-Oriente, e que é, sem dúvida, o homem mais procurado e menos encontrado do mundo, é agora a figura central de uma produção artística candidata ao célebre Prémio Turner.

sexta-feira, outubro 15

Arte em favor das vítimas de guerra

A Cooperativa Árvore expôs no passado dia 13 e 14 obras de arte destinadas a serem leiloadas, em favor das vítimas da Palestina, pelo que os fundos obtidos no leilão foram entregues na representação diplomática palestiniana em Lisboa. As obras que integravam a exposição eram variadas: projectos de arquitectos como Álvaro Siza, Alcino Soutinho e Eduardo Souto Moura, manuscritos de Mário de Carvalho, Urbano Tavares Rodrigues e Maria Velho da Costa, e pinturas de nomes comoArmando Alves, Emerenciano e Jorge Pinheiro.
Nesta iniciativa, vemos então a arte em serviço das vítimas de uma guerra que não acaba nunca e à qual a comunidade europeia assiste já há dezenas de anos impávida e serena.

"Estilhaços" de António Ole em Lisboa

Desde o passado dia 12, que se encontra em exposição na Culturgest em Lisboa a primeira antológica de António Ole.
António Ole é um artista angolano, com circulação internacional, que reside actualmente em Luanda. Após ter exposto as suas instalações em museus e outros espaços de arte contemporânea europeus e americanos (desde Nova Iorque a Veneza), é dado agora a conhecer a Portugal o trabalho deste "filho da guerra".
Estas instalações, que, segundo o próprio António Ole, "têm uma estética ligada à pobreza extrema", são inspiradas na arquitectura dos bairros de lata africanos, utilizando materiais como chapas metálicas, portas e janelas. Segundo António Ole revelou ao jornal "Público", estes materiais são usados quer por uma opção própria, quer pela dificuldade no acesso a materiais "nobres" como o papel ou a tela numa terra ainda mergulhada na profunda pobreza, testemunha de um pós-guerra duro e difícil de ultrapassar.
António Ole, para além de pintar desde cedo, estudou ainda cinema nos EUA e realizou alguns trabalhos nesta área. Porém, após solicitações de vários importantes museus, enquanto residia ainda nos EUA, pôde passar a dedicar-se por completo à pintura. Além disso, ao voltar a Angola, deparou-se com um cinema "morto e enterrado", o que rapidamente o fez desistir desta área.
António Ole viveu os momentos "traumatizantes" (como ele próprio os intitula em entrevista ao jornal "Público") da guerra colonial e toda a mortandade a ela associada e ainda hoje vive num país onde é praticamente impossível ver arte ou mostrá-la.