"Estilhaços" de António Ole em Lisboa
António Ole é um artista angolano, com circulação internacional, que reside actualmente em Luanda. Após ter exposto as suas instalações em museus e outros espaços de arte contemporânea europeus e americanos (desde Nova Iorque a Veneza), é dado agora a conhecer a Portugal o trabalho deste "filho da guerra".
Estas instalações, que, segundo o próprio António Ole, "têm uma estética ligada à pobreza extrema", são inspiradas na arquitectura dos bairros de lata africanos, utilizando materiais como chapas metálicas, portas e janelas. Segundo António Ole revelou ao jornal "Público", estes materiais são usados quer por uma opção própria, quer pela dificuldade no acesso a materiais "nobres" como o papel ou a tela numa terra ainda mergulhada na profunda pobreza, testemunha de um pós-guerra duro e difícil de ultrapassar.
António Ole, para além de pintar desde cedo, estudou ainda cinema nos EUA e realizou alguns trabalhos nesta área. Porém, após solicitações de vários importantes museus, enquanto residia ainda nos EUA, pôde passar a dedicar-se por completo à pintura. Além disso, ao voltar a Angola, deparou-se com um cinema "morto e enterrado", o que rapidamente o fez desistir desta área.
António Ole viveu os momentos "traumatizantes" (como ele próprio os intitula em entrevista ao jornal "Público") da guerra colonial e toda a mortandade a ela associada e ainda hoje vive num país onde é praticamente impossível ver arte ou mostrá-la.
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