terça-feira, novembro 16

Já não se ouvem os ecos do apartheid nas palavras de Gibson Kente

O dramaturgo sul-africano Gibson Kente, activista dinâmico na luta contra o apartheid, morreu no passado dia 7 num hospital de Soweto (África do Sul), vítima de HIV.
Kente é conhecido como o pai do teatro "township": um movimento que tinha como principal objectivo levar obras teatrais e musicais às comunidades pobres negras sul-africanas.
Todas as suas peças de teatro (que serão ao todo 23) têm uma componente interventiva muito forte, quer a nível social, quer a nível político. Acompanhadas de jazz e gospel africano, contribuiram para criar uma nova consciência social e para fomentar a luta contra o apartheid. Com peças como "How long?", "Our Belief" ou "Too late", Gibson profetizou a onda de violência que viria mais tarde a assolar o país africano, bem como vincou a sua posição na luta contra o apartheid. As autoridades sul-africanas não gostaram e para além de proibirem a sua representação, viriam mais tarde a condenar o dramaturgo a 6 meses de prisão. Assim, este sul-africano usou ao longo da vida os seu talento e criatividade artistíca para lutar contra uma das guerras mais antigas do mundo: a guerra das raças.
Aos 72 anos, e à beira da morte, Kente, que segundo diversas fontes enfrentava uma situação financeira bastante problemática, encontrava-se agora a escrever uma peça alusiva à doença tabu da África do Sul e da qual ele próprio foi vítima: a sida. Porém, esta última luta do resistente sul-africano não foi concluída.
Fontes: